O presidente da Ucrânia criticou os políticos que buscam “uma espécie de populismo” ao rejeitar os esforços de paz de seu país.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu aos legisladores mexicanos que apoiem a guerra de seu país contra as forças russas invasoras e repreendeu aqueles que acusou de negar a busca da Ucrânia pela paz.
“Existem alguns líderes que nunca estiveram na Ucrânia e não viram o que a agressão brutal da Rússia trouxe”, disse Zelensky ao Grupo de Amizade México-Ucrânia via link de vídeo na quinta-feira.
Ele acrescentou que alguns desses líderes buscaram “alcançar uma espécie de populismo” ao dizer que “a Ucrânia supostamente não está pronta para buscar a paz”.
O discurso foi o primeiro discurso de Zelensky aos legisladores mexicanos desde que a Rússia lançou sua invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Isso se seguiu a comentários controversos do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que atribuiu a guerra a “decisões tomadas por dois países” – aparentemente o envolvimento da Ucrânia na decisão da Rússia de invadir.
Lula retratou esses comentários na quarta-feira, denunciando a “violação da integridade territorial da Ucrânia”. O Brasil procurou se posicionar como mediador da paz entre a Rússia e a Ucrânia.
Da mesma forma, o México indicou que permanecerá neutro na guerra na Ucrânia, recusando-se a aderir às sanções contra a Rússia.
No entanto, o México apoiou várias resoluções da ONU a favor da Ucrânia, incluindo uma condenação do ataque da Rússia em março de 2022 e um texto em outubro condenando a “tentativa de anexação ilegal de território”.
No discurso de quinta-feira, Zelensky agradeceu ao México por seu apoio nas Nações Unidas. Mas ele pressionou os legisladores mexicanos a mostrarem “liderança” na busca pela paz e pressionarem a Rússia a retirar suas forças.
“Acho que com a ajuda do México, isso pode ser muito mais rápido”, disse Zelensky. Ele renovou seu apelo aos países da região para que realizem uma cúpula sobre o tema.
Ele disse: “A Ucrânia já propôs à comunidade latino-americana organizar uma cúpula especial e mostrar sua unidade e posição sobre os importantes princípios universais de integridade territorial, paz e respeito entre os povos”.
O discurso de Zelensky na Câmara dos Deputados do México, a câmara baixa do Legislativo, foi transmitido a convite do Grupo de Amizade do Congresso, formado principalmente por políticos de partidos da oposição.
Após o discurso, o partido de Morena, partido de esquerda do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, procurou se distanciar da transmissão.
“A reunião do Grupo de Amizade Mexicano-Ucraniano não representa uma posição consensual da Câmara dos Deputados”, escreveu ela em um comunicado. No entanto, alguns dos membros fundadores do Grupo de Amizade vêm do partido de Morena.
López Obrador criticou os esforços dos Estados Unidos e seus aliados ocidentais para fornecer armas à Ucrânia, resumindo sua política da seguinte forma: “Eu fornecerei armas a eles e você fornecerá os mortos.”
Em comentários em junho passado, o presidente mexicano chamou a posição dos aliados de “imoral”, embora tenha evitado citar os Estados Unidos ou qualquer outro país especificamente.
Ele também especulou na época: “A guerra na Ucrânia não poderia ter sido evitada? Claro que poderia.”
O discurso de Zelensky na quinta-feira coincide com o fim da visita do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, à América Latina nesta semana.
Lavrov se encontrou com o brasileiro Lula na segunda-feira, visitou o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, na quarta-feira, e esteve em Cuba para se comunicar com o novo presidente, Miguel Diaz-Canel, na quinta-feira.
Em seu discurso na quinta-feira, o presidente ucraniano lamentou empresas e indústrias que querem “ganhar milhões negociando com a Rússia”.
“Infelizmente, o mundo está cheio de hipocrisia”, disse Zelensky.
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