JOANESBURGO (Reuters) – O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta terça-feira que o grupo de países BRICS visa organizar o sul global em desenvolvimento e não pretende competir com os Estados Unidos e as economias ricas do Grupo dos Sete. .
Os seus comentários sinalizam uma divergência de visão à medida que os líderes do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul chegam a Joanesburgo para uma cimeira que irá considerar a expansão do grupo, enquanto alguns membros procuram transformá-lo num contrapeso ao Ocidente. . .
As crescentes tensões globais decorrentes da guerra ucraniana e a crescente rivalidade entre Pequim e os Estados Unidos levaram a China e a Rússia – cujo presidente Vladimir Putin participará virtualmente na reunião – a procurarem fortalecer o bloco BRICS.
No entanto, a sua visão de uma nação BRICS alargada, capaz de rivalizar com a hegemonia global americana e europeia, foi recebida com cepticismo por alguns membros. O resultado do debate sobre o alargamento poderá determinar o futuro de um bloco que há muito é criticado pela sua falta de coesão.
“Não queremos ser um contraponto ao G7, ao G20 ou aos Estados Unidos”, disse o presidente brasileiro Lula na terça-feira durante uma transmissão nas redes sociais a partir de Joanesburgo. “Queremos apenas nos organizar.”
A África do Sul, anfitriã da cimeira, deu as boas-vindas ao presidente chinês, Xi Jinping, o principal proponente da expansão dos BRICS, para uma visita de Estado na terça-feira de manhã, antes das reuniões com outros líderes dos BRICS agendadas para o final do dia.
“Estou confiante de que a próxima cimeira será um marco importante no desenvolvimento do mecanismo BRICS”, disse Xi pouco depois da sua chegada à África do Sul.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, disse durante uma reunião bilateral com Xi que os dois países têm “visões semelhantes” sobre a expansão.
“Partilhamos a sua opinião, Presidente Xi, de que os BRICS são um fórum muito importante e desempenham um papel importante na reforma da governação global e na promoção do multilateralismo e da cooperação em todo o mundo”, disse ele.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, também participará na cimeira, que será realizada de 22 a 24 de agosto.
Putin, procurado ao abrigo de um mandado de prisão internacional por crimes de guerra na Ucrânia, não viajará para a África do Sul.
Além da questão da expansão, a promoção da utilização das moedas locais dos Estados membros também está na agenda da cimeira. No entanto, os reguladores sul-africanos dizem que não haverá discussões sobre a moeda dos BRICS, uma ideia que o Brasil lançou no início deste ano como uma alternativa à dependência do dólar.
ponto de discórdia
Os BRICS continuam a ser um grupo díspar, que vai desde a China, a segunda maior economia do mundo que está agora a sofrer um abrandamento, até à África do Sul, uma pequena nação económica que enfrenta uma crise eléctrica que tem levado a apagões diários.
A Rússia, sob sanções devido à sua guerra na Ucrânia, está empenhada em mostrar ao Ocidente que ainda tem amigos.
Mas a Índia está cada vez mais a aproximar-se do Ocidente, tal como o Brasil sob o seu novo líder.
Dois membros – Índia e China – entraram em conflito de vez em quando ao longo das suas fronteiras disputadas, aumentando o desafio da tomada de decisões baseada no consenso num grupo.
A expansão tem sido há muito um objectivo da China, que espera que uma adesão mais ampla dê influência a um grupo que já inclui cerca de 40% da população mundial e um quarto do PIB global.
Os líderes estão programados para realizar uma pequena reunião e jantar na noite de terça-feira, onde provavelmente discutirão a estrutura e os critérios para a aceitação de novos estados.
A Rússia está interessada em incluir novos membros.
O ministro das Relações Exteriores da Índia, Vinay Quatra, disse na segunda-feira que a Índia, cautelosa com o domínio chinês e cautelosa com a rápida expansão, tem “intenções positivas e uma mente aberta”. Entretanto, o Brasil teme que a expansão dos BRICS enfraqueça a sua influência, embora Lula tenha confirmado na terça-feira o seu desejo de ver a vizinha Argentina aderir ao bloco.
Embora o potencial alargamento dos BRICS ainda esteja no ar, o compromisso do grupo de se tornar um defensor do mundo em desenvolvimento e oferecer uma alternativa a uma ordem mundial dominada pelos países ocidentais ricos já está a ressoar.
Autoridades sul-africanas dizem que mais de 40 países manifestaram interesse em aderir ao BRICS. Entre eles, quase duas dúzias solicitaram formalmente a admissão e espera-se que alguns deles enviem delegações a Joanesburgo.
(Reportagem de Bhargav Acharya em Joanesburgo e Gabriel Araujo em São Paulo – Preparado por Mohamed para o Boletim Árabe – Preparado por Mohamed para o Boletim Árabe) Reportagem adicional de Karen du Plessis em Pretória; Escrito por Joe Bavier. Edição de Andy Sullivan, William McLean e Emilia Sithole-Matares
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