A trading de grãos norte-americana Bunge (BG.N) e a Viterra (GLEN.L), apoiada pela Glenore, estão se fundindo para criar um gigante do comércio agrícola no valor de cerca de US$ 34 bilhões, incluindo dívidas, disseram as empresas na terça-feira. O acordo provavelmente atrairá um exame minucioso dos reguladores.
O acordo aproxima a empresa combinada no escopo global dos principais concorrentes Archer-Daniels-Midland (ADM.N) e Cargill (CARG.UL), com a Bungie e a Vitra avaliadas em US$ 17 bilhões cada. No entanto, os acionistas da Bunge deterão cerca de 70% da empresa combinada, porque a Bunge pagará uma parte significativa da transação em dinheiro.
As ações da Bunge caíram 2,5%, para US$ 91,45, no pré-mercado.
Pelo acordo, os acionistas da Viterra receberão aproximadamente 65,6 milhões de ações da Bunge, avaliadas em aproximadamente US$ 6,2 bilhões, e aproximadamente US$ 2 bilhões em dinheiro.
Segundo comunicado conjunto, a Bunge também assumirá US$ 9,8 bilhões em dívidas da Vetra.
A Bunge já é a maior processadora mundial de oleaginosas, e analistas disseram que ela e seu negócio de fracking Viterra podem enfrentar escrutínio regulatório no Canadá e na Argentina.
No ano passado, a Bong foi a maior exportadora de milho e soja do Brasil e a maior exportadora mundial de culturas básicas para a fabricação de ração animal e biocombustíveis, segundo dados da transportadora Cargonave. A Viterra foi a 3ª maior exportadora de milho e a 7ª maior embarcadora de soja.
Combinadas, as empresas representaram cerca de 23,7% das exportações brasileiras de milho em 2022 e 20,9% das exportações brasileiras de soja, mostraram dados de Kargoniev.
Nos Estados Unidos, o negócio de cereais da Viterra expandiu-se com a compra da Gavilon no ano passado. A fusão impulsionará os negócios de exportação de grãos e processamento de oleaginosas da Bunge para a segunda maior exportadora mundial de milho e soja, com uma presença menor do que a ADM e a Cargill.
O acordo também amplia a capacidade física de armazenamento e movimentação de grãos da Bunge no maior exportador de trigo da Austrália, onde a empresa opera atualmente apenas dois silos de grãos e um terminal portuário na região oeste do país. A Viterra possui 55 locais de armazenamento no sul da Austrália e no oeste de Victoria e seis terminais de exportação de grãos a granel.
A equipe de gestão da Bunge, liderada pelo CEO Greg Heckman, que assumiu o cargo principal em 2019, quando a própria empresa era alvo de aquisição, supervisionará a entidade combinada.
Hickman supervisionou uma revisão de portfólio que levou a Bunge a reduzir ou vender operações de baixo desempenho, como açúcar na América do Sul e moagem de trigo no México, e investir em seu principal negócio de óleos comestíveis. A empresa registrou lucros recordes no ano passado, após uma série de perdas trimestrais em 2018. Hickman anteriormente liderou a Javilon de 2008 a 2015.
A Consumers Federation of America disse que o acordo reduziria a competição pelas colheitas dos agricultores e aumentaria o processamento de oleaginosas usadas para fazer alimentos à base de plantas, bem como biocombustíveis.
“O foco extra parece estar prejudicando consumidores e empresas, como fabricantes de alimentos à base de plantas, que dependem dessas commodities”, disse Thomas Gremlion, diretor de política alimentar da federação.
A Bungie disse que planeja recomprar US$ 2 bilhões de suas ações para aumentar o lucro ajustado do acordo. O acordo é apoiado por um compromisso de financiamento de US$ 7 bilhões da Sumitomo Mitsui Banking Corporation (SMBC).
Os acionistas da Viterra deterão 30% da empresa combinada depois que a transação for concluída em meados de 2024 e aproximadamente 33% após a conclusão do plano de recompra.
A Bunge, maior produtora mundial de óleos vegetais, também firmou parcerias com a petrolífera Chevron (CVX.N) e a gigante de sementes e produtos químicos Bayer (BAYGn.DE) para buscar a crescente demanda por matérias-primas de combustíveis renováveis.
Na Ucrânia, maior produtora mundial de óleo de girassol e maior fornecedora de óleo de girassol, a Bunge-Viterra terá três fábricas de processamento de oleaginosas no sul e leste do país – em Kharkiv, Dnipro e Mykolaiv.
A aquisição da Viterra traria a receita da Bunge, que foi de US$ 67,2 bilhões em 2022, mais em linha com a receita da ADM, que registrou vendas de cerca de US$ 102 bilhões no ano passado.
No início de 2017, a Viterra, então conhecida como Glencore Agriculture, tentou adquirir a Bunge, avaliada em US$ 11 bilhões. A tentativa foi rejeitada.
Espera-se que a fusão gere aproximadamente US$ 250 milhões em sinergias operacionais totais antes dos impostos em três anos.
Reportagem adicional de Carl Blum e Tom Polancic em Chicago, Anirban Sen em Nova York, Arunima Kumar e Mrinalika Roy em Bengaluru Edição de Caroline Stauffer, Matthew Lewis, Devika Syamnath e Kirsten Donovan
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